Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruimos,
Se morrermos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente ás madrugadas do amor.
Quanto a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Sophia de Mello Breyner Andersen