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venerdì
:: Contigo...

Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te
assim presente tão subitamente
Ruy Belo
:: Coração sem Imagens...

Coração sem imagens
Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem as imagens?
Preciso habituar-me a substituir-te
pelo vento, que está em toda a parte
e cuja direcção é igualmente passageira e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis,
à canção que tu cantas
e que mais ninguém ouve a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te, e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te, e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que isso não seja ser feliz.
Raul de Carvalho
giovedì
:: Não sei...

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo :
“Fui eu ?
”Deus sabe, porque o escreveu."
Fernando Pessoa
:: Algumas Reflexões Sobre a Mulher...

Algumas Reflexões Sobre a Mulher
Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.
Animais sonâmbulos,dormem nos rios,
na raiz do pão.
Na vulva sombria
é onde fazem o lume:ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.
Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.Longamente bebem
o silencio nas próprias mãos.
O olhar
desafia as aves:o seu voo é mais fundo.
Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.
Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.
É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar.
São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,o branco da rosa.
Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.
Eugénio de Andrade
Mais em:
LA FORZA DI ARTE
http://www.forzadiarte.blogspot.com
mercoledì
:: Não Ignore!!!...

Para ler, pelo menos uma vez por dia, daqui até dia 25, sobretudo antes de sair de casa para ir gastar rios de dinheiro em futilidades e antes de enfardar quilos e quilos de comida em jantares de confraternização e de família...
Veja em:
MOSTRE SOLO
http://www.mostresolo.blogspot.com
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MOSTRE SOLO
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martedì
lunedì
:: Se...

Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos,
ou se preferes, a minha boca
nos teus olhos,
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve, e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.
Como se a noite viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens
sobre nuvens,
e sobre as nuvens mar perfeito,
ou se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito.
Eugénio de Andrade
:: A Alma cigana...

Eu nunca fiz segredo
que a minha alma é cigana
perambula pelo mundo
dança, canta, não engana.
Meu coração…
Meu coração…
esse já é português
tem sotaque e nostalgia lusitanos
das margens do Tejo ficou freguês
e fados vive cantando.
Enquanto ele canta fados
Enquanto ele canta fados
a alma toca castanholas
mas ambos se abraçam contentes
numa moda de viola.
No bolero são renitentes
No bolero são renitentes
não desprezam seu encanto
mas sonham noites e dias
com a magia do tango.
Ah! eu jamais trocaria…
Ah! eu jamais trocaria…
minha alma ou coração
são livres como águias no céu
trapaceiam como irmãos.
Já estiveram na Grécia
Já estiveram na Grécia
também em Jerusalém
mas a pátria deles e minha
é a pátria que ninguém tem.
Amamos nosso Brasil
Amamos nosso Brasil
nosso samba, o candomblé
praias de Santos ou Rio
é que não gosta e quer?!
Mas falando em governantes
Mas falando em governantes
é saga que ninguém merece
por isso deixo minh’alma
fazer o que lhe apetece.
Ela vê a sua sortese assim o desejar
Ela vê a sua sortese assim o desejar
mas não lhe fala de morte
pois segue essa linear.
A minha sorte eu não seiver, eu nunca conseguimesmo sendo tão cigananão sei nem se eu já morri.
Se o meu amor foi na frentese ainda espera por mimtudo que eu sei e que eu cantoé só do que aqui vivi.
E da minha liberdade
A minha sorte eu não seiver, eu nunca conseguimesmo sendo tão cigananão sei nem se eu já morri.
Se o meu amor foi na frentese ainda espera por mimtudo que eu sei e que eu cantoé só do que aqui vivi.
E da minha liberdade
que a prezo mais que tudo
pois cigana de verdade
não se prende nesse mundo!
Quem me conhece já sabe
Quem me conhece já sabe
gosto de vermelho forte
nas minhas saias rodadas
que dos dois lados tem cortes.
Pra facilitar a dança
Pra facilitar a dança
nos volteios deslumbrantes
que me tomam nos meus sonhos
nos braços do meu amante.
Tenho uma rosa no peito
Tenho uma rosa no peito
bem lá dentro tatuada
esteve nos meus cabelos
em outras vidas passadas.
Assim vou sendo feliz
Assim vou sendo feliz
do meu jeito tão singular
que pouca gente me entende
mas não lhes deixo de amar!
Tere Penhabe
Tere Penhabe
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