Vou ver-te
- onde, não sei
- mas,antes disso,
antes desse momento -
...... não direi nada:
não grito...
Sérgio Xarepe
mercoledì
Então sento-me à tua mesa.
Porque é de tique me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua sombra e loucura,não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa,
descerras na vastidão da terra
a carne transcendente.
E em tiprincipiam o mar e o mundo.
Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida –
e eu nisso demorei
meu frágil instante.
Porém,teu sinal de fogo e leite
repõe a força maternal,
e tudo circula entre teu sopro
e teu amor.
Herberto Helder
Porque é de tique me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua sombra e loucura,não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa,
descerras na vastidão da terra
a carne transcendente.
E em tiprincipiam o mar e o mundo.
Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida –
e eu nisso demorei
meu frágil instante.
Porém,teu sinal de fogo e leite
repõe a força maternal,
e tudo circula entre teu sopro
e teu amor.
Herberto Helder
:: Querer...
Não te quero senão porque te quero
E de querer-te
a não querer-te chego
E de esperar-te
quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim,
e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero,
amor,
a sangue e a fogo.
Pablo Neruda
martedì
Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim
alcançaremos a incomunicação;
por fim ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar
de cada dia ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar por fim,
não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição:
não nos compreender
Pablo Neruda
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim
alcançaremos a incomunicação;
por fim ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar
de cada dia ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar por fim,
não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição:
não nos compreender
Pablo Neruda
:: Estamos...
Estamos ambos de pé,
estamos ambos nus,
diante do enorme espelho aí à largura dessa parede:
e todo eu me escondo atrás do seu corpo,
assim lhe mostrando como só o seu corpo ali merece reflectir-se.
Acaricio-lhe e sopeso-lhe os seios,
ora um ora outro, na palma da minha mão direita,
enquanto com os dedos da mão esquerda lhe modelo o pescoço,
o ombro, o flanco, o ventre,
o deslumbrante nascimento das coxas (…).
Mas os seus olhos apenas espiam,
na superfície do espelho, o reflexo
do meu rosto semi oculto.
David Mourão-Ferreira
lunedì
Tinhas a pele arrepiada pelo sentimento.
Os olhos rasos de contentamento.
A vida trazias nas mãos abertas.
E o fruto do nosso encontro era
uma alma cheia de presente,
sem medo do futuro
e sem necessidade de olhar o passado.
Querias-me assim como eu te queria.
Eternamente.
Que era o mesmo que dizer,
enquanto durasse.
O nosso eterno era o momento,
pleno, e não havia promessas
feitas ao entardecer.
O que dávamos estava em todos os gestos,
em todos os olhares,
no encontrar dos corpos.
Nada de planos para o futuro,
nada de palavras vãs para encher o vazio.
Não existia o vazio.
Mas quando olhávamos para nós sentimo-nos cheios de mais.
A sonhar o que não podíamos ter uma vida inteira.
Não acreditávamos que a vida se desse assim,
como uma fruta fresca em pleno verão
.Estranho o destino humano.
Tudo o que é bom demais faz-nos afastar, evitar.
Nem sequer tocamos com o medo de estragar.
Para que nada mude,
não chegamos a viver tudo o que se
oferece aos nossos olhos.
E partimos antes mesmo de chegar.
Ana Teresa Silva
:: Por ti...
domenica
:: Conhecemos-nos...
:: Espero-te...
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