mercoledì

Então sento-me à tua mesa.
Porque é de tique me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua sombra e loucura,não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa,
descerras na vastidão da terra
a carne transcendente.
E em tiprincipiam o mar e o mundo.
Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida –
e eu nisso demorei
meu frágil instante.
Porém,teu sinal de fogo e leite
repõe a força maternal,
e tudo circula entre teu sopro
e teu amor.
Herberto Helder