O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher,
A mulher ensaguentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.
Carlos Drummond de Andrade
Nota: A oferta da mulher que tira a respiração
ao Senhor "r"
sabato
An.da perdi.da
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo frágil passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como DEUS: Principe e Fim!..."
Florbela Espanca
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo frágil passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como DEUS: Principe e Fim!..."
Florbela Espanca
O seu bri.lho
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Que bom que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-te! Olha não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?
Vê como ali, beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares sussurando gira:
Que alegre campo! que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
mercoledì
Volta.rei mais tar.de!!!
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!!
Uma flor para quem me visita...! :)
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!!
Uma flor para quem me visita...! :)
Amiga...
Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres
Que só, de ti, me venha magoa e dor
O que me importa a mim? O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascessemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!...
Florbela Espanca
martedì
Graça dp cor.po nu...
Não: não digas nada!
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já
É ouvi-lo melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias
És melhor do que tu
Não digas : sê!
Graça do corpo nu
Que invisível se vê.
Fernando Pessoa
Pala.vras de António Lobbo Antunes
" Escrever dá um trabalho do caraças!Despentear a prosa
de maneira a que aquilo seja feito como uma diarreia."
" Escrevo rodeado de rituais. Sou um bocado como os
campeões chineses de ping-pong, treino não sei quantas
horas por dia."
" Não consigo conceber uma história onde os personagens
não tenham carne. E se eu partir de uma carne já real
para mim, torna-se muito mais fácil."
António Lobo Antunes
de maneira a que aquilo seja feito como uma diarreia."
" Escrevo rodeado de rituais. Sou um bocado como os
campeões chineses de ping-pong, treino não sei quantas
horas por dia."
" Não consigo conceber uma história onde os personagens
não tenham carne. E se eu partir de uma carne já real
para mim, torna-se muito mais fácil."
António Lobo Antunes
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