O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguem o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
o espaço mais concreto e mais atento
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
Sophia de Melo Breyner Anderson