venerdì

== Até Amanhã...


Sei agora como nasceu a alegria,


como nasce o vento


entre barcos de papel,


como nasce a água


ou o amor


quando a juventude


não é uma lágrima.


É primeiro só um rumor


de espuma


à roda do corpo



que desperta,



sílaba espessa,


beijo acumulado,



amanhecer de pássaros


no sangue.


É súbitamente um grito,


um grito


apertado nos dentes,


galope de cavalos num horizonte


onde o mar é diurno e sem palavras.


Falei de tudo quanto amei.


De coisas que te dou


para que tu as ames comigo:


a juventude, o vento e as areias.


Eugénio de Andrade