venerdì

== Amiga!? Ou Mulher!?...

Amiga ou Mulher: Escrevo-lhe em nome de todas as
amigas de amiga, daquelas a sério, que se acompanham e
se ajudam, que emprestam a casa, o casaco o cartão de
crédito sem acertar contas nem cobrar juros, que a levam
ao médico e esperam consigo cinco horas na sala de espera.



Que lhe compram flores, quando alguém a tratou mal, que
lhe deixam um beijinho de boa noite nas mensagens do te-
lemóvel. Que a ouvem até ás tantas, lutando estoicamente
contra a queda inevitável das pálpebras, que, sem nunca per-
derem a paciência nem mostrarem o menor sinal de cansaço,
dissertam sobre a sua vida, a aconselham e a ajudam a encon-
trar a melhor solução para o mais grave dos problemas quan-
do tantas vezes não vimos a solução.




Falo-lhe por todas a mulheres que acreditam que dois seres do
sexo feminino podem ser mesmo amigos, embora tenham cada
vez mais a certeza, com o passar dos anos que acumulou decep-
ções e cimentou suspeitas, que este grupo é pequeninissimo, res-
trito e estará provavelmente em vias de extinção.




Falo-lhe mais por mim, em nome do respeito, da solidariedade e
da união que deveria existir entre as mulheres num mundo ideal,
mas que ambas tão bem sabemos que na prática é impossivel, não
por nós, mas porque a vida acaba sempre por nos trocar as voltas
e provar que fomos ingénuas e que alguém nos passou a perna.




Se lhe disser que fui em toda a minha vida mais vezes traída por
mulheres, vai chamar-me exagerada? Se lhe contar que foram as
mulheres, e sempre as mulheres, aquelas que me mais incomo-
daram e que, com mais e eficácia me tentaram prejudicar, vai res-
ponder que gosto de me fazer de vitima? Se lhe revelar que quem
mais me falhou em alguns momentos mais difíceis foram mulheres,
vai chamar-me ingrata?




Mas, se lhe confessar que todas as vezes que senti defraudada agre-
dida, enganada até ao âmago, surpreendida e amargamente confun-
dida com atitudes estranhas, absurdas e inexplicáveis por parte de
mulheres que julgava simples amigas, já não me responde, não é?




que, minha querida, está a esquecer-se que nós as duas temos algo
a nosso favor: nunca quisemos, desejámos, cobiçámos ou amámos o
mesmo homem. Estaremos em competição em muitas coisas, quando
mais não seja porque nos corre no sangue o espírito do atleta vence-
dor e gostamos de sentir debaixo da pele que somos as melhores, mui-
tas vezes só por pirraça. Mas nunca houve entre nós um assunto de
calças. E isso muda tudo.




E não me peça para esquecer a história da Vera a quem a Marta roubou
ao mesmo tempo o marido e o negócio chorudo. Da Elsa que jantou fora
com o marido da Sofia e depois lhe dizia andava desarranjada e preci-
sava de se por mais bonita. Ou da Joana que telefonou ao marido da
Madalena com a desculpa de estar triste e precisar de um ombro amigo
e o recebeu com uma blusa de decote generoso que se colava à pele sem
mais pudores, uma mini saia que acabava onde devia começar, um fras-
co de perfume entornado sobre o baton pouco discreto e o rimel que da-
va languidamente à volta às pestanas.




Ou ainda da mal amada Isaura que era rejeitada por todos os homens,
divorciada e insatisfeita como corpo e a vida que tinha, sem emprego
fazia todos os possíveis para se enturmar em jantares ou festas de pes-
soas mais ou menos conhecidas e, ainda com o seu mau carácter com-
plexado, inventava histórias de pessoas que nem sequer conhecia, só
mesmo para lhe darem atenção e se sentir importante.





E acredite, só estou a ser dura com as mulheres, porque elas já são duras
umas para as outras.

Não tenha ilusões: todas poderiam ser amigas, mas sem calças pelo meio
e sem beleza ou interesse. E quando as calças entram na dança, é como o
jogo da vassoura: há sempre uma que fica de fora e perde o par.




Ou então quando se vê ou percebe que há uma que se destaca mesmo não
se evidenciando. Aí há que atacar... nem que seja com mal dizer e sari-
lhos mentiras para o campo ficar livre.
E geralmente é apenas uma questão de rapidez e esperteza saloia.



lho disse tantas vezes, mas nunca é demais repetir: Obrigada Ana V.
por ser minha amiga verdadeira há imenso tempo.