martedì

:: Aqueles...






Aqueles olhos aproximam-se e passam.

Perplexos, cheios de funda luz,

doces e acerados, dominam-me.

Quem os diria tão ousados?

Tão humildes e tão imperiosos,tão obstinados!

Como estão próximos os nossos ombros!

Defrontam-se e furtam-se,negam toda a sua coragem.

De vez em quando,esta minha mão,

que é uma espada e não defende nada,

move-se na órbita daqueles olhos,

fere-lhes a rota curta,Poderosa e plácida.

Amor, tão chão de Amor

Que sensível és...

Sensível e violento, apaixonado.

Tão carregado de desejos!

Acalmas e redobras

e de ti renasces a toda a hora.

Cordeiro que se encabrita e enfurece

e logo recai na branda impotência.

Canseira eterna!

Ou desespero, ou medo.

Fuga doida à posse, à dádiva.

Tanto bater de asas frementes,

tanto grito e pena perdida...

E as tréguas, amor cobarde?

Cada vez mais longe,mais longe e apetecidas.

Ó amor, amor,que faremos nós de ti

e tu de nós?

Irene Lisboa