venerdì

:: Ergo...










Ergo a catedral das pernas


e celebro a explosão das pétalas.


Ah, como desejaria saber da água que as inunda


e da seiva que as fortalece!


Ergo a catedral das pernas


e há uma construção inacabada


aí onde se erguem as naves


deste altar de loucura


em que me prostro.


Ergo a catedral das pernas


e deixo estilhaçar os vitrais.


E embora ardendo na morte rubra do desejo


rendo-me à cegueira iluminada que perpassa


para além desta embriaguez das palavras


proferidas ou silenciadas.


Bernardete Costa